sábado, fevereiro 16, 2008

Não bula nas minhas velharias.

As pessoas costumam reclamar que eu guardo muita tranqueira, coisas antigas e velhas. Quando é algo interessante tudo bem, mas quando são coisas que não tem muito significado pra o resto do mundo, la vem reclamação.

É como minha mãe me chamando na casa dela um dia desses porque tava pra jogar um bocado de "velharias" fora.

Velharias é foda ! Entre elas estavam várias revistas antigas, livros, fitas VHS com coisas desde programas de TV a filmes do povo da faculdade e meus primeiros testes com computação gráfica, além de 2 (eu disse DOIS) álbuns completos de Perna & Buco (essa é só pra os pernambucanos).

Deve ser um conceito velho, óbvio e desgastado. Mas nós somos o que nosso passado fez da gente, a gente é a soma de todos os momentos que nos trouxeram até aqui. O que acho que é menos óbvio é a necessidade de se conservar os artefatos que fizeram parte deste passado.

Nossa memória, intelectual e emocional, tem sérios limites. Ela evoluiu para ser assim. Nós esquecemos as coisas, as emoções se apagam (e qualquer um que já teve do lado errado de um romance rompido sabe como isso é importante).

Mas nós somos hoje seres culturais e precisamos preservar nossa história. Nossas vidas são representações em pequena escala de nossa civilização. Nós passamos por épocas e períodos de complexidade e importância crescentes e tendemos a esquecer e relegar como menores as coisas que eram importantes no passado. Acontece que, como em nossa cultura, não existem coisas menos importantes, existem apenas coisas que foram importantes em outra época, sob a ótica de uma outra realidade. Por isso temos museus, para resgatar nosso passado, para que a gente não esqueça quem nós somos e de onde viemos.

Por isso guardo minhas "velharias". Velharias selecionadas. Elas são como museus pessoais, lugares onde você encontra você mesmo, onde você tem um vislumbre de como e porque você se tornou o que é. Leia um livro antigo, brinque com um brinquedo velho, jogue um jogo, assista um desenho ou veja uma enciclopédia da sua infância e você vai ter uma idéia bem melhor do que você é e de onde você veio. É como ver de fora sua própria criação e desenvolvimento.

Experimentar e sentir é muito importante. É como a diferença de apenas lembrar e de realmente ouvir uma musica marcante. É por isso que abandonamos a tradição oral há tanto tempo. Por isso gastamos fortunas e imensos recursos na preservação da nossa história. E é por isso que devemos fazer a mesma coisa na escala pessoal.

Vá pelo cara, deixe de ler emails saudosos e vá procurar e brincar com aquele Genius que tá guardado naquele armário do que costumava ser seu quarto na casa de mãe e depois me diga o que achou.

7 Comments:

Blogger nadezhda said...

recordar é viver, né?...rs..adorei!

10:36 AM  
Blogger Thyrza said...

Vou imprimir o post e usá-lo como fundamentação teórica pra os momentos em que me questionarem sobre minhas "tulhas" de "velharias selecionadas". Perfeito!

9:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Minha mãe não pode ler isto.

5:29 PM  
Anonymous Anônimo said...

mas eu sou frágil, o que me salva é justamente a tal da memória seletiva!!!
Agora sério, adorei o texto fredão, visitarei o blog com frequencia, beijo!
ana areias

11:28 AM  
Blogger Tell Aragão said...

o melhor foi o álbum Perna e Buco... impagável... e logo 2!!!

9:05 PM  
Blogger Tell Aragão said...

tô achando que esse post e esse blog vão entrar, logo, logo, para a categoria "velharias"... hunft!

9:33 PM  
Blogger Unknown said...

haha
exatamente sobre aquela conversa...

sim, adorei o blog, po! Também curtes "meio ambiente", né? Depois, vou te dar uns textos sobre algumas questões!

beijo

9:05 PM  

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