quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Deixa o frevo rolar, eu só quero saber se você vai brincar.

Rapaz, queria saber como seria o carnaval com músicas novas. De vez em quando aparece alguém reclamando que não aguenta mais os 15 frevos que se repetem há 100 anos ou as 12 marchinhas que têm quase a mesma idade. Também já reclamei dos Felintos, das Madeiras do Rosarinho e das Batutas de São José, mas o fato é que acho que o carnaval seria bem diferente com novos hits todos os anos. O carnaval como a gente conhece é fundamentalmente baseado na repetição e na nostalgia (se é que se pode classificar como nostalgia uma coisa que você nunca parou de ouvir). Como um mantra, os frevos e marchas se repetem ao longo de nossas vidas e se impregnam no buraco mais encruado da nossa consciência. Acabam moldando sinapses e neurônios de uma forma indelével e se tornam fisiologicamente partes da nossa pessoa. Deixam de ser músicas apenas e se tornam partes de nós, uma parte externa da gente que todo mundo compartilha, um elo que permanece dormente durante o ano inteiro, mas que quando é despertado é com a força de mil vozes em uníssono, entre amigos suados e embriagados compartilhando os momentos mais sinceros de suas vidas. Não sei como seria o carnaval sem esse elo, sem esse denominador comum. Não sei como seria se espremer atrás de um bloco, bêbado, em um calor infernal, subindo e descendo ladeiras, trocando suores com estranhos, sem ter a experiência reconfortante de que certas coisas são eternas, que não importa quem possa estar ao seu lado, você vai poder levantar o braço, olhar com cumplicidade à meia-pálpebra e gritar pela milionésima vez "Oliiiindaaaaa! Quero cantaaaar a tiiii esta canção..."

domingo, fevereiro 18, 2007

No Occam´s land

As pessoas tendem a buscar problemas e soluções complicadas em tudo. As respostas mais óbvias, simples e diretas geralmente demoram anos para ser identificadas e mais ainda para ser aceitas. Porque isso ? Eu é que não sei, deixa pra outro post.

Só é foda !

A gente, como uma espécie que alcançou a conciência, precisa e uma referencia de criação.
Acho que toda espécie que ganhe consciência deva sofrer do mesmo problema. Seja em Alfa Centauro ou na casa da Mãe Joana.
É dificil acreditar que vinhemos do nada e iremos pro nada. Uma vez que se tem consciência e começa a se pensar sobre isso a coisa fica feia.
Então o que fazer ?
É mais que aceitável tentarmos imaginar uma saida e buscar uma forma de superar a aniquilação final. Temos que buscar um início e um fim mais dígnos mesmo que não tenhmaos nehum tipo de evidência de que a coisa seja dessa forma: "digna".
Sempre estivemos prontos a acreditar em tudo que traga um mínimo de conforto.
Fora isso tendemos a nos sentir sós e abandonados, precisamos de um Pai. Alguem que olhe por a gente, alguem pra reclamar. É difícil assumir o mundo inteiro quado somos uma espécie tão nova.
Então criamos crenças.
Criamos e acreditamos, e seguimos em frente. Reconfortados.

Seu umbigo um caralho. Meu umbigo que é o cara.

O problema com a crença é que ela não é universal.
A forma exata e a maneira como cremos varia como moda ao longo do tempo e de acordo com cada cultura. E como moda, tendemos a achar que a do nosso tempo é a correta, é a que faz mais sentido.
Achamos que o que foi feito no passado, o que é insinuado para o futuro e o que pertence a uma forma diferente da nossa são equívocos. Às veses até temos simpatia por eles, mas são equivocos e serão julgados como tal.
Acreditamos cegamente e seguimos me frente. Fixamos o olhar em nossos umbigos e mantemos lá sob pena da perdição total. Seguimos, indiferente a tantos outros umbigos, alguns muito mais antigos, outros muito mais numerosos... mas no fundo eles são apenas os umbigos dos outros. E o que é que os outros sabem !?

Eu posso porque sou adulto.

Quando eu era guri meu pai costumava fazer algumas "irregularidades" na mesa na hora do almoço. Como falar de boca cheia e sentar na mesa sem camisa. Coisas que eram proibidas pra a criançada.
Evidentemente que eu reclamava e clamava pela igualdade de direitos à mesa, evidentemente que a resposta dele era sempre a mesma: "Eu posso porque eu sou adulto" e evidentemente eu achava aquilo mais uma violação dos meus direitos. Um achamento que sempre foi compartilhado por todos a quem eu contava essa estória.
Em primeira análise até que pode se pensar que é mesmo uma brutalidade e um abuso de autoridade. Era o que eu eu achava no alto dos meus 10 e tantos anos. Mas a vida passa, você vai aprendendo algumas coisas e hoje eu vejo que o erro dele era só que ele NÃO EXPLICAVA A PORRA DIREITO.
A educação, e as regras de uma forma geral, devem ser obedecidas até um certo ponto, senão vamos acabar vivendo em um mudo raceado com o de Admirável Mundo Novo de Huxley e tantos outros.
O importante das regras é se saber o que são, para que são e quando devem ser usadas. E a partir disso decidir quando burlar ou ignorar completamente.
O importante é que se aprenda as regras. As crianças tem mesmo que respeitar a porra toda. Faz parte do aprendizado, do respeito, essas coisas. Quando estiverem mais velhas é que elas terão conhecimento e discernimento suficiente para adotar uma postura mais... hmmm... subversiva.
Agora só tenho que achar uma justificativa pro: "Largue isso. O trira-gosto é pra quem tá bebendo."